Dúvidas

Cefaleia por Abuso de Medicamentos

É uma das dores de cabeça menos conhecidas pela população em geral.

É chamada cefaleia por abuso de medicamentos porque as crises de dor ocorrem naqueles indivíduos que fazem uso abusivo de medicamentos, geralmente analgésicos, pela fácil disponibilidade de comprá-los em farmácias e pela não exigência de receita médica para adquiri-las. Soma-se a esse fato, o desconhecimento pela população da capacidade desses medicamentos causarem ou piorarem a dor de cabeça já existente, mesmo sendo fabricados para melhorar ou cessar a dor.

É de intensidade variável, na maioria dos casos, pode ser parecida com a dor da enxaqueca, da cefaleia tensional, uma mistura dos dois tipos ou até mesmo não ter um padrão específico.

Tende a ser uma doença crônica, marcada por dor de cabeça e outros sintomas acompanhantes, sendo explicada principalmente por uma alteração no cérebro dos pacientes (os cérebros são mais sensíveis ao desenvolvimento da dor e aos fatores ambientais que desencadeiam as crises, como uso de medicações analgésicas).

Comumente afeta as atividades cotidianas e a capacidade de trabalhar. Não existe uma melhora com o sono (ao contrário da enxaqueca) e o paciente pode acordar durante a noite pela dor.

O que causa a cefaleia por abuso de medicamentos?

  • A patologia pode ser explicada por alterações no cérebro que o deixam mais sensível aos estímulos dolorosos (uso de medicamentos), além de peculiaridades individuais.
  • Esse tipo de dor de cabeça geralmente acontece em pacientes que possuem uma cefaleia primária (enxaqueca ou cefaleia tensional), que os deixam suscetíveis à dor de cabeça por abuso de medicamentos.
  • Comumente elas iniciam quando o paciente não realiza um tratamento adequado da cefaleia primária (enxaqueca ou tensional), ao recorrer às medicações analgésicas em doses e frequência crescentes, que por sua vez levam ao aumento da dor de cabeça e novo aumento da ingestão de medicamentos pelo paciente (um ciclo vicioso de dor-medicamento-dor).

Quais são os principais medicamentos implicados nesse tipo de cefaleia?

  • Analgésicos comuns (p. ex. paracetamol, dipirona e ácido acetilsalicílico)
  • Anti-inflamatórios não-hormonais (p. ex. naproxeno, ibuprofeno e diclofenaco)
  • Triptanos (p. ex. sumatriptano, naratriptano e zolmitriptano)
  • Opioides (p. ex. morfina, dolantina, metadona e oxicodona)
  • Cafeína.

Qual a relação entre a cefaleia por abuso de medicamentos e o sono?

A cefaleia por abuso de medicamentos pode cursar com insônia e inclusive acordar o paciente durante a noite.

Quais são as doenças que podem ocorrer em conjunto com a cefaleia por abuso de medicamentos?

  • Depressão
  • Ansiedade
  • Distúrbios do sono (insônia)
  • Piora da cefaleia de base (a dor de cabeça que o paciente possuía antes de desenvolver a cefaleia por abuso de medicamentos, como a enxaqueca, por exemplo)

Como se diagnostica a cefaleia por abuso de medicamentos?

O melhor método de se diagnosticar esse tipo de doença é a realização de uma boa anamnese (história clínica) aliada a um exame físico preciso.

É preciso solicitar exames complementares para o diagnóstico de cefaleia em salvas?

Depende. Em casos que haja dúvida diagnóstica podem ser solicitados exames complementares.

Como se trata a cefaleia por abuso de medicamentos?

  • O primeiro passo é o esclarecimento para o paciente sobre esse tipo de dor, suas causas e da necessidade de interromper o uso dos medicamentos que a estejam causando. Além disso, devem ser estabelecidas metas para o tratamento e consultas com intervalos regulares.
  • Existem basicamente dois tipos de tratamento: o farmacológico e o não farmacológico.
  • O tratamento farmacológico envolve o uso de medicamentos. É dividido em tratamento da crise de dor (para interrompê-la), tratamento de transição (uso de medidas para “ganhar tempo” até que o tratamento profilático comece a fazer efeito) e profilático (para evitar que as dores de cabeça surjam ou, em caso de não preveni-las totalmente, que aconteçam com menor intensidade).
  • O tratamento não farmacológico utiliza-se de outros métodos que não o uso de medicamentos. Idealmente, nos pacientes com grande frequência de crises de dor de cabeça e/ou presença de doenças associadas, seria necessária a abordagem por equipe multidisciplinar (psicólogos, fisioterapeutas, dentistas, neurologistas, nutricionistas, endocrinologistas e outros especialistas em casos específicos).

Quais os principais medicamentos para tratamento da cefaleia por abuso de medicamentos?

  • Crise de dor: a escolha do medicamento é centrada no paciente (peculiaridades individuais) e nas características da sua dor de cabeça.
  • Tratamento de transição: depende das características individuais do paciente.
  • Profilático: as principais medicações utilizadas são por via oral, sendo as classes escolhidas de acordo com as características individuais e do tipo de cefaleia de base que o paciente já apresente.

Quais as principais terapêuticas não farmacológicas para o tratamento da cefaleia por abuso de medicamentos?

O primeiro passo juntamente com a interrupção do uso dos medicamentos causadores é a mudança do estilo de vida (praticar exercícios físicos de forma moderada, de preferência aeróbicos, como caminhada), estabelecer uma boa higiene do sono, hábitos alimentares saudáveis (inclusive com horários regulares das refeições) e manejo do estresse (yoga e meditação).

Como o paciente pode monitorar e contribuir para o tratamento da cefaleia por abuso de medicamentos?

Possuir um “diário de cefaleia”: documento onde serão anotadas as datas das crises de dor, as características delas, a presença de fatores desencadeantes, a fase do ciclo menstrual em mulheres, a presença de sintomas prodrômicos e/ou posdrômicos (que antecedem ou sucedem a dor, respectivamente), sintomas associados (p. ex. náuseas ou vômitos), medicações utilizadas e respostas à terapêutica das crises, para a correta identificação do estímulo, de forma que o neurologista possa orientar a maneira adequada de evitá-lo.

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