Dúvidas

Cefaleia do Tipo Tensional

É a dor de cabeça mais frequente na população mundial.

É chamada tradicionalmente de tensional pela íntima relação com o estresse emocional e por frequentemente acometer a musculatura pericraniana e cervical (“tensão” emocional e muscular).

Por ser de leve intensidade na maioria dos casos, os pacientes geralmente não procuram auxílio médico; entretanto, pode ser muito debilitante para alguns pacientes, com repercussões pessoais e profissionais.

Assim como a migrânea, possui formas crônicas, recorrentes e também predomina no sexo feminino.

Mais comum geralmente entre os 40 e 49 anos de idade, com melhora após os 50 anos (na maioria).

É uma doença crônica, recorrente, marcada por dor de cabeça e outros sintomas acompanhantes, sendo explicada principalmente por uma alteração no cérebro dos pacientes (os cérebros são mais sensíveis ao desenvolvimento da dor e aos fatores ambientais que desencadeiam as crises, como estresse emocional), com predisposição genética menos destacada que na migrânea.

Dor de cabeça do tipo “aperto” ou “pressão”, geralmente nos dois lados da cabeça, não associada a vômitos ou sensibilidade aumentada para luz, sons e “cheiros” fortes. De leve a moderada intensidade.

Não piora com atividades físicas rotineiras (tossir, caminhar e subir escadas, por exemplo).

Pode afetar as atividades cotidianas e a capacidade de trabalhar (estudos mostram que durante o período das crises de dor, pode haver acometimento das capacidades cognitivas, como atenção e velocidade de pensamento).

A dor pode ter duração de 30 minutos a 7 dias quando não tratada (dessa forma, se houver a presença de alteração cognitiva pode durar por até 7 dias em uma única crise, com repercussões no trabalho e atividades diárias rotineiras, o que justifica a grande necessidade de se diagnosticar e tratar essa patologia).

A cefaleia do tipo tensional e os músculos

Nos pacientes com esse tipo de dor de cabeça é frequente encontrar pontos de “tensão” nos músculos, principalmente na musculatura pericraniana e cervical (músculos temporais, frontais, occipitais, masseteres, trapézio e esternocleidomastoideos). Esses pontos de “tensão” são chamados de pontos-gatilho, uma vez que quando palpados pelo médico podem desencadear a dor do paciente, além de sintomas como náuseas, vômitos e palidez. Comumente são percebidos pelos pacientes apenas ao exame médico.

A cefaleia do tipo tensional na mulher

  • Nas mulheres alguns aspectos são importantes, pois esse tipo de dor está associado a mudanças hormonais que acontecem ao longo da vida e dentro do ciclo menstrual normal.
  • Ao longo da vida: antes da puberdade, os indivíduos do sexo masculino apresentam aproximadamente a mesma frequência de ocorrência de cefaleia do tipo tensional que os do sexo feminino, entretanto, após esse período a predominância é nas mulheres.
  • Outro fato interessante é que após a menopausa frequentemente as crises de dor de cabeça diminuem em frequência e intensidade.
  • Dentro do ciclo menstrual normal: logo antes da menstruação pode haver intensificação da dor de cabeça, permanecendo até o fim dessa fase do ciclo menstrual (chamado de período perimenstrual).
  • Essa peculiaridade da cefaleia tensional nas mulheres é associada à variação hormonal que ocorre durante o ciclo menstrual e ao longo da vida, sendo pouco proeminente nos homens.

O que causa a cefaleia do tipo tensional?

A patologia pode ser explicada por alterações no cérebro que o deixam mais sensível aos estímulos dolorosos (estresse emocional, medicamentos e outras substâncias) sendo associada a predisposição genética (de 2 a 4 vezes mais comum em indivíduos que possuem ao menos 1 parente de primeiro grau com a doença). Além disso, as alterações musculares possuem um papel de destaque nesse tipo de cefaleia.

Quais são os desencadeantes mais comuns da cefaleia do tipo tensional?

  • Uso de cafeína em excesso ou a parada abrupta do uso da mesma, em pacientes com habito de consumir de forma frequente essa substância. Podemos citar alguns tipos de bebidas que possuem cafeína em sua composição: café, chocolate, refrigerantes, “energéticos” e chá (mate e preto).
  • Jejum prolongado ou deixar de realizar uma refeição costumeira.
  • Sono não reparador (insônia, dormir poucas horas por noite, má “higiene” do sono, síndrome da apneia obstrutiva do sono). Ver distúrbios do sono em seção específica.
  • Medicações: a título de exemplo, o uso excessivo de analgésicos comuns (paracetamol, dipirona), anti-inflamatórios (ibuprofeno, naproxeno), analgésicos com cafeína, triptanos (sumatriptano, naratriptano, etc.), além de compostos com nitrato (usados para tratar dor no peito ou angina).
  • Exercício físico extenuante.
  • Desidratação.
  • Alimentos: nitratos (presente em salsichas, bacon, presunto e outros alimentos industrializados).
  •  Estresse emocional.

Quais são as doenças que podem ocorrer em conjunto com a cefaleia do tipo tensional?

  • Depressão
  • Ansiedade
  • Distúrbios do sono (insônia)
  • Fibromialgia
  • Síndrome dolorosa miofascial
  • Bruxismo

A cefaleia do tipo tensional pode cursar com aumento do número de crises?

  • Alguns pacientes podem desenvolver a chamada cefaleia do tipo tensional crônica, caracterizada pela ocorrência de crises de dor por mais de 15 dias por mês por mais de 3 meses. Comumente está associada a abuso de medicamentos analgésicos ou exposição aos outros fatores desencadeantes já citados. Em outros casos, não se encontra a presença de tais fatores, sendo então, uma peculiaridade do paciente (genética).
  • Na cefaleia do tipo tensional crônica o tratamento é mais desafiador, pois os pacientes apresentam chance aumentada de cursar com doenças associadas (já citadas), bem como abuso de medicamentos, necessitando da cooperação entre o paciente, médico e outros profissionais (por exemplo, psicólogos, dentistas e fisioterapeutas).

Como se diagnostica a cefaleia do tipo tensional?

O melhor método de se diagnosticar esse tipo de doença é a realização de uma boa anamnese (história clínica) aliada a um exame físico minucioso.

É preciso solicitar exames complementares para o diagnóstico de cefaleia do tipo tensional?

Não. Se a história clínica e o exame físico não identificarem a presença das chamadas “características de alarme”, além de qualificar a dor e os sintomas associados como típicos de cefaleia do tipo tensional, não é necessário solicitar exames complementares (tomografia de crânio, ressonância magnética, eletroencefalograma, punção lombar, etc.).

Como se trata a cefaleia do tipo tensional?

  • Existem basicamente dois tipos de tratamento: o farmacológico e o não farmacológico.
  • O tratamento farmacológico envolve o uso de medicamentos. É dividido em tratamento da crise de dor (para interrompê-la) e profilático (para evitar que as dores de cabeça surjam ou, em caso de não preveni-las totalmente, que aconteçam com menor intensidade). É necessário enfatizar que a cefaleia do tipo tensional é uma doença crônica, logo, o alvo inicial de todo tratamento é diminuir a frequência de dor e/ou intensidade em 50%.
  • O tratamento não farmacológico utiliza-se de outros métodos que não o uso de medicamentos. Idealmente, nos pacientes com grande frequência de crises de dor de cabeça e/ou presença de doenças associadas, seria necessária a abordagem por equipe multidisciplinar (psicólogos, fisioterapeutas, dentistas, neurologistas, nutricionistas, endocrinologistas e outros especialistas em casos específicos).

Quais os principais medicamentos para tratamento da cefaleia do tipo tensional?

  • Crise de dor: geralmente se usa medicações por via oral, como analgésicos comuns (paracetamol, dipirona e ácido acetilsalicílico) e anti-inflamatórios (ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco). A escolha do medicamento é centrada no paciente (peculiaridades individuais) e nas características da sua dor de cabeça.
  • Profilático: as principais medicações utilizadas também são por via oral, sendo as classes mais frequentes os antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, mirtazapina e venlafaxina), antiepilépticos (topiramato) e relaxantes musculares (tizanidina).

Quais as principais terapêuticas não farmacológicas para o tratamento da cefaleia do tipo tensional?

  • O primeiro passo é a mudança do estilo de vida (praticar exercícios físicos de forma moderada, de preferência aeróbicos, como caminhada, natação e hidroginástica), estabelecer uma boa higiene do sono, hábitos alimentares saudáveis (inclusive com horários regulares das refeições), manejo do estresse (yoga e meditação), manter uma boa postura corporal ao longo do dia (principalmente da musculatura pericraniana e cervical) e evitar os fatores desencadeantes.
  • Outras modalidades de tratamento são: psicoterapia (quando indicada), fisioterapia (técnicas de alongamento), técnicas de relaxamento, biofeedback e acupuntura.

Como o paciente pode monitorar e contribuir para o tratamento da cefaleia do tipo tensional?

Possuir um “diário de cefaleia”: documento onde serão anotadas as datas das crises de dor, as características delas, a presença de fatores desencadeantes, a fase do ciclo menstrual em mulheres, a presença de sintomas prodrômicos e/ou posdrômicos (que antecedem ou sucedem a dor, respectivamente), sintomas associados (p. ex. náuseas ou vômitos), medicações utilizadas e respostas à terapêutica das crises, para a correta identificação do estímulo, de forma que o neurologista possa orientar a maneira adequada de evitá-lo.

Deseja agendar uma consulta? Entre em Contato Conosco